quinta-feira, 7 de março de 2013

“Lavagem” do matadouro tenta acabar com a insalubridade do local

Reunião coordenada pela médica veterinária Ana Paula da Adepará

Idalena Barroso, procuradora jurídica do município de Tucuruí, afirmou que matadouro não estava na prioridade de Sancler em seu primeiro governo



WELLINGTON HUGLES
De Tucuruí
Fotos: Wellington Hugles
Insalubridade, problemas estruturais e higiênico-sanitários, poluição das águas do rio Tocantins e a exposição dos funcionários a perigos de acidentes de trabalho e de contaminação, foram alguns dos diversos pontos tratados na reunião realizada pela Adepará no plenário da Câmara de Tucuruí.
Durante toda a manhã desta quarta-feira (6), diversas autoridades do executivo e legislativo municipal, produtores rurais, administradores e a equipe do Serviço de Inspeção Municipal do Matadouro de Tucuruí, juntamente com os representantes de diversas camadas da população, convocadas pela coordenação da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará - Adepará participaram da reunião para tratar da real situação do matadouro do município que se encontra em estado de alerta de insalubridade, após a publicação da matéria no jornal Diário do Pará no caderno diário de Carajás, que repercutiu em toda cidade e região cobrando soluções para equacionar a situação lastimável do local.
Por mais de duas horas, a coordenadora da Adepará na região a veterinária Ana Paula Beckman, fez a apresentação de todo o levantamento através de slides, dos problemas estruturais e higiênico-sanitários, identificados no local, afirmando que o matadouro não tem a mínima condição de estar em funcionamento, aproveitando para cobrar soluções imediatas das autoridades presentes, para tentar solucionar o estado de calamidade pública que atravessa o matadouro que abate os animais, e oferece a carne que chega ao dia-a-dia na mesa dos tucuruienses. “O local esta se transformando em um verdadeiro criadouro de doenças”, e de lá, se proliferando para toda a cidade.
Segundo as informações prestadas pela veterinária, o Matadouro Público Municipal de Tucuruí não apresenta condições estruturais, higiênico-sanitárias e de qualidade do serviço de abate, mínimas para garantir carne livre de doenças e a não exposição da população a zoonoses como a brucelose, a tuberculose ou, mais grave ainda, como a neurocisticercose, responsável pela morte de 50 mil pessoas por ano em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. “Não é possível afirmar, mas não descartamos a possibilidade de a população estar consumindo carne infectada”, observa à veterinária.
Ana Paula afirmou que em 2011, esteve no matadouro, e após vistoria foi constatado os mesmos problemas: A falta de instalações adequadas, já que o prédio tem 20 anos; sujeira e infiltrações; abate feito de maneira arcaica e fora dos padrões da legislação sanitária; falta de equipamentos de segurança e treinamento para o pessoal que trabalha no estabelecimento; falta de local adequado para o descarte de resíduos. “Infelizmente, o matadouro municipal se tornou a casa da mãe Joana. O que é uma vergonha”, declarou a médica veterinária.
Segundo apontou um relatório da Secretaria de Meio Ambiente do Estado – Sema, todo o processo de abate está viciado, havendo risco de contaminação desde o abatimento do gado – limpeza, esquartejamento, corte e separação, até a distribuição para os pontos de venda que e feito com veiculo sem refrigeração, e inclusive desde maio de 2011 o Matadouro de Tucuruí para os efeitos legais, encontra-se interditado.
Na reunião que contou com a presença do prefeito em exercício o vereador presidente da Câmara Florival Nunes, na oportunidade a procuradora do município, Idalena Barroso, foi bastante contundente, em afirmar que a prefeitura tinha conhecimento da situação calamitosa do matadouro, desde que assumiu a gestão em 2009, mas, por conta de uma série de fatores, escolheu como prioridade a reforma e adequação do Mercado Municipal para a venda da Carne e a instalação do Instituto Médico Legal – IML para a necropsia dos mortos, por estes e outros motivos à reforma e adequação do Matadouro Municipal que recebe o rebanho bovino, para serem abatidos, e sua carne distribuída para a mesa de toda a população, não foi uma das prioridades no primeiro mandato do prefeito Sancler Ferreira (PPS), mesmo tendo conhecimento do estado de insalubridade do local.
A procuradora esclareceu ainda, que neste período nenhum TAC foi proposto pelo Ministério Público, e por isso, nenhuma condicionante apontada em vistoria pelo MPE em 2010, que incluía a poluição das águas do Tocantins e a utilização irregular de uma Área de Proteção Ambiental para esta prestação de serviço, foi cumprida.
A Procuradoria do município informou ainda que provocará o MPE para, assinar o Termo de Ajuste de Conduta – TAC, entre a PMT e Adepará, para readequar o local de abate o mais breve possível. Trabalhando nas melhores formas de agilizar as melhorias que o local precisa, e para isso, esta tramitando na Câmara de Tucuruí o Projeto de Lei que versa a realização de Concorrência Pública para a Concessão Onerosa de Direito Real de Uso do Matadouro Municipal.
Vereador Cleuton Marques fez questão de pegar no pesado contribuindo com a limpeza dos equipamentos do matadouro
Lavagem Geral – Na manhã desta quinta-feira (7), logo cedinho uma força tarefa dos funcionários que trabalham no Matadouro de Tucuruí, com o apoio do Corpo de Bombeiros que cedeu um carro pipa e reforçada por populares que realizaram a lavagem geral dos locais de utilização para o abate e manuseio da carne bovina, o vereador Cleuton Marques, participou diretamente da limpeza por entender que o local afeta a saúde de toda a população de forma direta.
O prefeito em exercício Florival Nunes esteve no local com os vereadores, e vistoriou o local que mesmo com a limpeza através de ‘água e sabão’, não garante a qualidade do produto que é abatido no matadouro.
A Adepará através de sua coordenadora a veterinária Ana Paula, priorizou algumas metas a serem cumpridas para que não haja a necessidade da interdição do matadouro como: tratamento da água e abertura de poços artesianos, já que toda a carne hoje é lavada com a água do lago, o que contraria a legislação ambiental; troca das mesas de madeira usadas para o processo da carne por novas de aço inox; aquisição imediata de utensílios e material de limpeza e segurança individual para os funcionários; aquisição de bebedouros e computadores; treinamento para a mão de obra; exames médicos periódicos para todos os trabalhadores; restrição de pessoas não autorizadas nas dependências do abatedouro, a compra de um caminhão refrigerado para entregar a carne nos locais de venda na cidade e a compra de pistolas de ar comprimido para abater os rebanhos.
Ana Paula a ser questionada se já tem conhecimento da área a ser disponibilizada pela prefeitura a empresa concessionaria após a concorrência, esclareceu que a área e próxima ao matadouro.
Isso significa que mesmo com a legalidade do processo jurídico pelos poderes executivo e legislativo, haverá a continuidade da utilização de Área de Preservação Ambiental – APA, as margens do Rio Tocantins, efetivamente ferindo a legislação e dando continuidade aos crimes ambientais.
Funcionários – A “operação lavagem”, deu a oportunidade para que os vereadores tivesse acesso aos números financeiros e ao quadro de funcionários, segundo informações, cerca de 90 animais são abatidos em média ao dia, totalizando cerca de 2.500 abates ao mês, totalizando R$ 100 mil ao mês. Os funcionários afirmam que recebem apenas um salario mínimo, sem nenhum beneficio, inclusive tem hora para entrar ao meio dia e só saem na madruga ou no outro dia de manhã, “nenhum café e servido pelo menos para aquecer o corpo”.
Os 20 funcionários prestadores de serviços custam para os administradores terceirizados do Matadouro Público algo entorno de R$ 25 mil, ou seja, o lucro e muito grande e nada e feito para a melhoria do local, só porque e da prefeitura.
Os funcionários do Matadouro continuam o trabalho diariamente expostos aos mais variados tipos de contaminação e risco de vida, pela falta de segurança do prédio e do telhado, bem como da caldeira que diariamente fica prestes a explodir, as paredes transmitem energia e dão descargas elétricas, bem como o contato direto com a carne sem nenhum uniforme de proteção. “Aqui somos tratados como se fossemos os animais, que estão sendo abatidos”.
Ferramentas usadas para o abate cruel do gado

O prefeito em exercício Florival Nunes juntamente com os vereadores e a coordenadora da Adepará Ana Paula após a lavagem do matadouro
Um local insalubre, que apenas 'água e sabão' não resolve a problemática de infecção e poluição, e sim sua interdição
Vala da acesso a poluição do lago







Medida paliativa de lavagem do Matadouro tenta dar uma resposta ao questionamento da insalubridade do local à população


Mesa que se corta a carne, quase sempre vai ao chão em função da adptação precária
Vereador Cleuton Marques fez questão de pegar no pesado contribuindo com a limpeza do equipamento do matadouro
Por diversas vezes os trabalhadores tem que segurar o telhado que encontra-se danificado



                Vala da acesso a poluição do lago











Esgoto descarga todos os detritos nas águas do Rio Tocantins
Telhado está prestes a cair sobre a cabeça dos funcionários
Caos, o local de vestiário dos funcionários e onde estão depositados os couros dos animais
A água utilizada pelo matadouro e esta sendo retirada direto do lago
Os dejetos de todo o processo de abate, escaldo, lavagem e restante do sangue dos animais é depositado direto no lago de Tucuruí

6 comentários:

  1. ninguem fala que o esposo da dr Idalena é o diretor do madouro municipal unica reforma feita foi colocar arcondicionado na sala dele..

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    1. O ar condicionado deve ter saído da pefeitura.

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  2. Vereadores de Tucuruí se expõem ao ridículo, fazendo serviço de zelador no matadouro, esses caras não tem noção da importância de seu cargos.

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  3. E aí jormalista, vc bloqueou o meu comentario que mandei anteontem pra proteger vereadores e a procuradora de Tucuruí? Tá com medo de que?

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  4. Merecemos pelo menos de uma limpeza descente, feita todos os dias.. Daqui pra frente vou pensar duas vezes antes de comprar carne de gado..Que nojo... Nunca antes o matadouro foi vistoriado... Não entendo porque somente agora resolveram limpá-lo...

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